domingo, 6 de fevereiro de 2011

Do amor e outros jogos de azar

Este é um texto de fevereiro de 2010. só pra constar. o de 2011 virá logo.

Do amor e outros jogos de azar:

Jogos de azar são coisas que você entra já sabendo que vai perder. Mesmo assim arrisca, achando que, de alguma forma, não vai acontecer com você. Uma idiotice juvenil, coisa de adolescente, aquilo de "não, comigo vai ser diferente"... Deixa eu te contar uma coisa: Não, não vai ser diferente.

Vegas não existiria se a realidade não fosse uma única: a casa sempre ganha. E, tido isso como fato, há somente um outro lado da corda: se eles sempre ganham, você sempre perde.

O amor é um jogo. Já me contaram que existem dois tipos de jogos possíveis: o amor-frescobol e o amor-tênis. no primeiro, os parceiros jogam juntos, tentando fazer com que a a bola fique sem cair por mais tempo, e com isso os dois ganham. No segundo, um jogador só vence se o outro perder, então cada um joga pra si.

Honestamente, não sei o quanto acredito na existência do tal do frescobol. O amor é um jogo daquele tipo em que você aposta no preto 13, sabendo que vai dar qualquer outro número e cor na roleta, mas a excitação de pensar que o preto 13 pode vir a cair te faz jogar de novo e de novo, mesmo diante das infinitas derrotas. Volta e meia cai na sua escolha, e você acha que sua sorte vai mudar. Mas dura só um pouquinho, logo em seguida ela pula pra outra casa, outra cor, outra roleta...

É, estou desiludida. Eu criei uma cidade brilhante, iluminada, rica, com infinitas possilidades... terminei apostando num cassino qualquer, sem certeza de que o meu número 13 vai ser escolhido, com você ao meu lado me dizendo que foi uma escolha errada, da mesma forma que o foram todas as escolhas erradas que eu já fiz. Escondendo teus erros e falhas atrás dos meus. Desconsiderando que foi você quem me mandou escolher entre o 13 e o 31, esfregando em meu vestido puído a quantidade de vezes que não te ajudei na hora de apostar. Esquecendo-se que eu havia perdido tudo, e mesmo assim juntei os trocados que me restavam pra jogar numa aposta improvável, 200 pra 1. Achei que ganharia, você me disse que ganharíamos, ganhamos... ganhamos?

Estamos ambos jogando as moedas que sobraram, em cassinos distintos, destilando para a mesa os rancores que temos um do outro.

O amor é um jogo de azar. E a casa sempre ganha. Perdemos nós.

Breviário de sonhos

Noite passada sonhei. Como sonho todas as noites.
Era um sonho esquisito, como os sonhos de todas as noites.
Estava em Macau, ou Bombaim. Ou Buenos Aires. Talvez fosse San Francisco, não sei.
E não havia sol, nem direita, nem esquerda. Não havia luz ou calor.
Só eu, em uma terra estranha e familiar.

Tu quoque, Brute, fili mi!

até tu, Brutus?