Foi assim que você chegou. Ainda lembro que eu estava a refogar abobrinhas, tão preocupada com a textura delas. Éramos muitos, e nós, aquelas três, tigresas, nos ocupávamos em dominar o ambiente. Eu ainda mais, porque sei que sou mesmo convencida.
Mas, no meio disso, você chegou.
Chegou e passou direto por mim. Enquanto eu falava alto e ria, disfarçando o nervosismo e espiando a porta com o rabo dos olhos. E nada de você. E eu tremi. E temi.
Naquela noite, eu dancei. Pavoneava, inseguramente parecendo dona de mim. E você me olhou. Só olhou, com seus olhos miúdos que nada deixam de ver.
Como nas histórias da criança, foi daquele jeito: um beijo, outro, depois, no outro dia, mais um. E mais um dia, e outro.
Então eu fui embora. Você prometeu me ver. E, de repente, você já era parte constante de mim.