quarta-feira, 28 de julho de 2010

Quem é essa mulher?

Ela é ninguém.
Ela é mais uma entre as dezenas que passam, todas as noites.

Quem é essa mulher?

Você não se lembrará dela, semana que vem.
Nem ela de você, se isso lhe faz sentir melhor.

Quem é essa mulher?

Ela apenas passou, como passaram outras.
E sorriu, como sorriram outras.
E você notou, como notou as outras.
E desejou, como as outras.
E não possuiu, como possuiu outras.

Quem é essa mulher?

Ela é ninguém.
Ela é multidão.

segunda-feira, 19 de julho de 2010

A couve

Eu: "o que tem de almoço, hoje?"

Ela: "Fiz panquecas de carne pra você. E arroz, feijão e cove frô".

Adoro panquecas, adoro arroz, sou maluca por feijão, mas o jeito como ela fala da couve me comove.

é a couve frô mais bonita, singela e deliciosa do mundo. É até pecado chamar de flor. Aquela couve, a da Geni, é pura e simplesmente frô. Não ouse pensar diferente: qualquer outra coisa não é parte das delícias culinárias dela. Eu bem que sei.

sexta-feira, 16 de julho de 2010

ao homem da minha vida

existem algumas coisas que você deve saber, amado homem da minha vida, se quiser de fato ser o homem da minha vida:

eu não como sushi. nem camarão, ou peixe, ou lula. esqueça de me convidar pra comer qualquer coisa que venha do mar. eu não vou.
eu adoro brócolis.
eu tenho os pés e mãos gelados. muito gelados. sempre.
eu tenho tpm, cólicas e mau-humor.
eu falo, falo, falo, até você cansar. e daí eu falo um pouco mais.
eu gosto de cafuné.
eu não gosto de tapete do banheiro embolado, nem de porta do armário aberta, ou da luz acesa quando não tem ninguém no quarto.
odeio lavar louça.
peça por favor, diga com licença e obrigado. é simpático e não faz mal a ninguém.

mas olhe, se você fizer o que eu vou dizer abaixo, você pode ter todas essas falhas, pode fazer tudo ao contrário, que eu te perdoo.

o homem da minha vida comerá azeitonas todos os dias, e será feliz. será feliz porque come azeitonas e eu.
pra quê mais?

terça-feira, 13 de julho de 2010

Por um pouco de educação

Coisa que me irrita nessa vida é gente mal educada. Não estou falando daquela gente que cospe na rua, joga papel no chão - esses eu tenho raiva, nojo mesmo. Tampouco estou falando de gente que fala palavrão: faço parte deste grupo e aderi ao "direito ao foda-se" faz tempo. Palavrão é só uma palavra que as avós e os pais de alunos não gostam de te ouvir falar, nem o seu chefe, mas fora disso, por mim, tá liberado, porra.

Estou falando, quando me refiro aos mal educados, daquela gente que não aprendeu com a mãe e o pai que existem três expressões mágicas: são elas "por favor", "com licença" e "obrigado(a)". Tem gente que simplesmente te pede uma coisa, sem se dar ao trabalho de cogitar sua disponibilidade para isso. Como é que se sabe que o cidadão não pensou em você, no seu tempo, na sua vontade, etc.? Pelo simples fato dele não dizer "será que você podia, por favor, fazer tal coisa?". Se ele não parou pra te dizer um por favor, alguém ainda credita que ele parou pra pensar se você tem tempo ou vontade pra fazer o que ele quer que você faça? Duvido muito. E se tiver pensando, é pior ainda, pois pensou e não se importou com isso, a necessidade dele é mair urgente que o seu saco. 


E, no caso de eu ter errado, do cidadão ter cogitado, ter se importado e ainda assim não ter dito, é por mera comodidade e economia de tempo (dele). Vai doer, se ele disser as palavras mágicas? Não, não vai. Mas o infeliz acha que tá implícito, que não precisa, que não se usa isso mais, entre os iguais. Ainda mais se você é do tipo que, como eu, fala palavrão a torto e a direito. Cheguei a conclusão que isso passa a idéia, pras pessoas, de que você não está nem aí pra etiqueta social. Mas olha, eu to. Eu sou do tipo que pede licença até pra cachorro de rua, agradeço a formiga que saiu do meu bolo, e peço por favor pra chuva parar de me molhar. Tá eu sei que eu sou um exagero da natureza, mas, sério, custa mesmo demais pedir por favor e agradecer depois?

Eu ainda acho que essa minha mania de me importar com os outros vai me foder na vida, mas eu não desisto. Só deveria deixar de me importar. Mas não consigo.

Deixo aqui o meu manifesto solitário por um pouco mais de educação no mundo. Por favor. E obrigada.

quarta-feira, 7 de julho de 2010

Citando...

"Eu assumo compromisso com o meu coração partido de corpo e alma. É algo de que eu nunca vou abrir mão. Mas esse coração partido, de certa maneira, é a minha característica. É uma representação do processo do meu trabalho.Na posição de artistas, vivemos eternamente com o coração partido."

Bonito isso, né?




 Foi a Lady Gaga quem disse. Mas eu gostei.

terça-feira, 6 de julho de 2010

oração diária

Eu entro em casa com os últimos raios de sol. 
Ninguém ali está a me receber.
É nesse silêncio rosado do dia, 
nas cores de um inverno outonal,
que eu me agradeço ao mundo, 
e ele me responde sem cerimônias:
"mais um dia valeu a pena. 
o próximo, por favor." 

sábado, 3 de julho de 2010

A fruta da árvore... peixinho é.

Hoje eu descobri que gosto de Marina Lima. 

É, eu sei. Datado. Esquisito. Aleatório... Talvez nem tanto.

Estava aqui, nessa madrugada esquisita de sábado, pensando em como a vida anda rápido, dá voltas, pessoas entram e saem dos nossos destinos sem o menor aviso prévio - sim, sim, aquela coisa toda muito deprê e/ou emotiva e/ou motivacional e/ou saudável que vez ou outra fazemos para arrumar as idéias (as minhas com acento, sim senhor!) e seguir nossas existências - quando uma frase pulou na frente de toda essa baderna. Seis palavras, sem mais nem menos: "eu não sei dançar tão devagar". A rima veio menos de um segundo depois "para te acompanhar". Antes que me desse conta, já pensava em Marina Lima e digitava os versos no google, buscando pelo áudio.

Marina é uma cantora que eu jamais citaria entre as minhas favoritas. Certamente não entraria em nenhuma lista consciente que eu pudesse ter feito nos últimos anos, e provavelmente jamais figuraria em uma conversa minha com algum amigo. Mas ela surge assim, do nada, quando tem que vir.

Marina é a cantora da minha infância, de quando lembro da minha mãe ouví-la no aparelho de som a todo volume, e me chocar  - aquele choque de incompreensão - com versos que diziam "é que eu tô grávida, grávida de um beija-flor, grávida de terra, de um liquidificador. E vou parir um terremoto, uma bomba, uma cor, uma locomotiva a vapor". Lembro de pensar coisas como "Como pode alguém cantar que está grávida?" Grávida parecia uma palavra tão feia para "esperando neném"... E ainda por cima esperando um trem! Entre choques e desgostos, cresci ao som de Marina. 

Foi dela a minha primeira versão de Fullgás, foi Marina que me contou o que era topless e que as meninas andavam de bundinha de fora. Conheci o primeiro carente profissional com ela. Por essas e outras, como não gostar de Marina? Como não ter Marina no fundo do imaginário? Marina não é luxo nem lixo, Marina, em mim apenas existe. À francesa.

fórmula mágica