Hoje eu descobri que gosto de Marina Lima.
É, eu sei. Datado. Esquisito. Aleatório... Talvez nem tanto.
Estava aqui, nessa madrugada esquisita de sábado, pensando em como a vida anda rápido, dá voltas, pessoas entram e saem dos nossos destinos sem o menor aviso prévio - sim, sim, aquela coisa toda muito deprê e/ou emotiva e/ou motivacional e/ou saudável que vez ou outra fazemos para arrumar as idéias (as minhas com acento, sim senhor!) e seguir nossas existências - quando uma frase pulou na frente de toda essa baderna. Seis palavras, sem mais nem menos: "eu não sei dançar tão devagar". A rima veio menos de um segundo depois "para te acompanhar". Antes que me desse conta, já pensava em Marina Lima e digitava os versos no google, buscando pelo áudio.
Marina é uma cantora que eu jamais citaria entre as minhas favoritas. Certamente não entraria em nenhuma lista consciente que eu pudesse ter feito nos últimos anos, e provavelmente jamais figuraria em uma conversa minha com algum amigo. Mas ela surge assim, do nada, quando tem que vir.
Marina é a cantora da minha infância, de quando lembro da minha mãe ouví-la no aparelho de som a todo volume, e me chocar - aquele choque de incompreensão - com versos que diziam "é que eu tô grávida, grávida de um beija-flor, grávida de terra, de um liquidificador. E vou parir um terremoto, uma bomba, uma cor, uma locomotiva a vapor". Lembro de pensar coisas como "Como pode alguém cantar que está grávida?" Grávida parecia uma palavra tão feia para "esperando neném"... E ainda por cima esperando um trem! Entre choques e desgostos, cresci ao som de Marina.
Foi dela a minha primeira versão de Fullgás, foi Marina que me contou o que era topless e que as meninas andavam de bundinha de fora. Conheci o primeiro carente profissional com ela. Por essas e outras, como não gostar de Marina? Como não ter Marina no fundo do imaginário? Marina não é luxo nem lixo, Marina, em mim apenas existe. À francesa.
2 comentários:
Que graça: acho que você gosta de Marina como eu gosto. Mas, como sou um bocadito mais velha, ficou pra mim a imagem da mulher de voz sensualíssima, um misto de agressividade masculina e sensibilidade feminina. E como não gostar de Marina? Beijo!
Eu gosto bastante dela, mas só quando está vestida.
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