domingo, 5 de dezembro de 2010

corra, ... , corra.

Na ânsia de não se perder,
jogou palavras no ar
arremessou-as contra paredes,
carros,
sonhos.
pisoteou flores
que brotavam tenras
e frágeis, indefesas

tudo que esperava eram aquelas palavras,
aquele brilho que não via cruzar o outro olhar.
naquela queda de braço maldita ninguém cederia
e assim desmereciam-se.

palavras voavam mais
cada vez mais rasantes
mais ríspidas,
mais rápidas,
mais ásperas,
mais chorosas,
mais desalentadas

e, quando, enfim, veio a cartada final,
não aguentou o peso
das próprias pernas:
correu como nunca havia corrido antes.

sem jamais olhar pra trás.

Um comentário:

jean mafra em minúsculas disse...

adorei.

lindo.

e o final é o melhor de tudo.