quarta-feira, 30 de dezembro de 2009

São tantas as emoções...



que me afetam nesse instante mal consigo escrever. A maior delas, aquela que me domina, pra variar, é a ansiedade. Por favor, ano novo, traga de volta um pouco de calma à minha vida...


Enquanto isso, explico minha teoria acerca do amor e o egoísmo. Muitos hão de discordar. Mas, pra mim, faz todo o sentido.


E o princípio da minha tese é: o amor é o sentimento mais egoísta que existe e por isso apodera-se das pessoas mais generosas. 


Vamos às bases disso: 




  • A)   Disse Jesus Cristo (é, aquele cabeludo de olhos azuis, um verdadeiro milagre divino, isso ter nascido na palestina com cara de príncipe encantado) em Mateus 22: 37-39: 




“Amarás o Senhor teu Deus de todo o teu coração, e de toda a tua alma, e de todo o teu pensamento. Este é o primeiro e grande mandamento. E o segundo, semelhante a este, é: Amarás o teu próximo como a ti mesmo"


 Certo, não sou católica, nem cristã, não fui sequer batizada, mas a verdade é que isso não importa agora. Os dez mandamentos são, antes de mais nada, um código de conduta, uma espécie de constituição ou código civil da época. Buscavam, primeiramente, pautar o comportamento humano e permitir a existência de convívio social. Mas o que realmente interessa desse excerto é a última frase: Amarás o próximo como a ti mesmo.


Desde sempre ouço essa frase ser usada no intuito de convencer os homens (e mulheres) a ter respeito aos outros seres (humanos ou não, acreditem, já a vi ser usada até para justificar a vida de galinhas), pois todos merecem respeito. Minha mãe, entretanto, um dia me mostrou que a passagem esconde algo a mais: Ama ao próximo como amas a ti mesmo, ou seja, antes de amar ao próximo, é preciso amar a si mesmo.




O que isso prova? Por enquanto, nada. Apenas colocou mais lenha na minha fogueira. Sigamos, pois.




  • B)   Pergunte a qualquer pessoa, mas qualquer uma mesmo, pergunte ao sorveteiro que vai passando ali na rua, à caixa do supermercado, ao psicólogo ou ao padre: Quando você ama alguém (qualquer tipo de amor, de mãe, irmão, amante...) o que é que mais deseja para aquela pessoa? A resposta, noventa e nove por cento das vezes, há de ser: "desejo que ela seja feliz", ou "desejo fazê-la feliz".


Certo, agora reflita comigo, A+B = C. Se,
A) nosso primeiro amor, antes de amar ao próximo, é o amor que temos por nós mesmos;
B) quando amamos alguém, queremos que ele seja feliz; Então isso dá:
C) o que mais queremos para nós mesmos, é nos fazer felizes. 


Ta-dah!


Certo, você vai dizer, até aí nada de novo. Não era necessário todo esse caminho pra perceber isso. De fato, não era. Mas é agora que vem o pulo do gato. Prometo que vale a pena, continue lendo.


Daí que o fulaninho se apaixonou pela mocinha do cinema. Ela também se apaixonou por ele, e os dois começaram a namorar. Tudo muito lindo, e a paixão do fulaninho se transformou em amor. E então fulaninho tinha dois amores em sua vida: o amor pela mocinha e o amor por ele mesmo. O que ele mais deseja para a mocinha? fazê-la feliz, não é? Ótimo, agora alguém percebe o porquê de ele querer fazer a outra pessoa feliz? Simples, meus caros, porque essa é a única maneira dele, pessoa apaixonada, ser feliz! Ele sofre de um conflito de interesses (e por esse motivo o amor deveria ser impedido de advogar nos tribunais da vida) uma vez que a sua felicidade depende da felicidade da mocinha. 


(Um aparte: Entenda, leitor, que jamais disse que a felicidade depende de se ter outra pessoa: quando alguém está bem só, está amando à pessoa fundamental: ele mesmo).


Amar é, em minha opinião, co-sentir o que o ser amado sente: a tristeza do outro é também a sua, da mesma forma que a felicidade. Quando não se ama alguém, você pode sentir pena ou compaixão pela tristeza alheia, mas dificilmente sofrerás por isso. É como quando morre o cachorro do vizinho: você acha chato, manda um "sinto muito", e continua os afazeres do dia. Agora, amar, não. Se escurece na vida da pessoa amada, o sol vai embora da sua vida também. Se a felicidade volta, você também volta a sorrir. Isso pelo simples motivo de que vocês compartilham os sentimentos e você ama aquela pessoa da mesma forma que você ama a si mesmo.


Então, desta forma, você não quer a tristeza do outro, porque isso causa a sua tristeza! Quer sentimento mais egoísta que esse? Daí que, em nome do "amor", as pessoas fazem de tudo pela pessoa amada: abrem mão de quase tudo, se necessário for. Tornam-se generosas.


Balela!


Tudo que as pessoas fazem pra deixar o outro feliz tem o único propósito de fazer elas mesmas felizes. O único problema: elas não precebem isso, e não fazem por mal. Diria, até, que fazem com a mais bonita das intenções. Fomos ensinados que amar é ceder, ser generoso, é se doar a pessoa amada.


Não, meu caro leitor, o amor é traiçoeiro; de uma estranha forma, amar é a arte de ser altruísta porque se está dominado aquele que é, de todos os sentimentos, o mais egoísta.








Nota, apenas para refletir: também nos ensinaram que deus nos ama, a cada um de nós, e que seu amor é infinito. Pois bem, releia a primeira parte do mandamento da bíblia, logo acima daquela comentada no texto. É que ela diz: ame ao teu deus, o senhor, acima de todas as coisas...










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