sábado, 2 de janeiro de 2010

O mundo diante da TPM

Talvez seja estranho começar o ano com um texto sobre tpm, mas a verdade é que a mãe natureza não me deu muita alternativa. Nem bem 2010 chegou, lá vem ela, a cruel algoz dos relacionamentos. Três letras, sete fonemas; Tê-pê-eme. Nenhuma outra síndrome afeta tantas pessoas, famílias e lares mundo afora e com tamanha recorrência quanto a maldita tensão pré menstrual.

Se pararmos pra pensar, os números são assustadores: 49,75% da população mundial é do sexo feminino, ou seja, o mundo comporta hoje algo em torno de 3.428.196.000 mulheres. Dessas, mais de 75% dizem sofrer algum sintoma relacionado à chegada da menstruação, o que dá  mais ou menos dois bilhões e seiscentos milhões de criaturas. É muita gente! É como se a  China e a Índia inteiras acordassem de mau humor. E se dividirmos esse número de mulheres pelo número de dias do ano, o negócio fica desumano: são 7043836 mulheres com tpm a cada dia, ou seja, a população total de Hong Kong. Claro, há que se desconsiderar a porcentagem de mulheres que não se encontra em idade fértil, mas a idéia em si já é bastante assustadora, ainda mais se pensaramos que, junto com elas sofrem outros tantos milhões de homens, os maridos, pais irmãos e namorados dessas mulheres.

Desconfio que a tpm seja o maior motivo de discórdia no mundo; Ouso supor que milhares das guerras já  vistas no decorrer da história foram causadas, em algum ponto, por conta da tpm; A rainha estava rosnando pra sombra, deu uma resposta atravessada pro rei, na frente dos vassalos, e ele, com seu orgulho e hombridade feridos, resolveu descontar no pobre emissário do reino vizinho, que levava um aviso de aumento nos impostos de importação. Pronto! Lá se iam umas tantas vidas desperdiçadas.

Os homens não conseguem entender esse período meio viúva negra, pelo qual as mulheres passam todos os meses (excetuando-se alguns poucos, que afirmam também sofrer desse mal - mas disso tenho lá minhas dúvidas). E é até engraçado quando, após uma briga por um motivo (aparentemente) estúpido, elas se descabelam e debulham em lágrimas, e então eles se dão conta do que está acontecendo: "mas é tpm, outra vez?!?!?!?"

Sei que já foram muitas as tentativas de explicar didaticamente para vocês, sortudos homens, o que é esse período negro. E sei também que vocês até tentam, mas no fundo não entendem é nada. Mas vamos lá, mais uma vez, alguns parâmetros desse universo (majoritariamente) feminino.

Imagine que você tem um útero - tá, esquece, vocês não sabem o que é ter um útero, pulemos essa parte.
Então imagine o seguinte: você está lá, levando sua vidinha normalmente. Daí, um belo dia, sua barriga começa a inchar, não muito, mas você nota. só a parte de baixo, aquela que fica no cós da calça. desagradável, mas fazer o quê? Depois são os seios: incham, ficam doloridos; tem vezes que até o contato da camiseta roçando na pele é de matar, imagina aquela mãozona cheia de dedos do marido/namorado/ficante/amante/homem que te ajuda. A gente reclama, vocês não entendem.

Depois, ainda tem a pele, aquela que você lava com sabonete especial, passa hidratante sem óleo, filtro solar, maquiagem etc e tal, enfim, aquela pele que você dedica tanto esforço pra manter saudável começa a ficar um lixo! Num desses dias você acorda com aquela megaespinha, que mais parece um alien plantado bem no meio da testa.  O cabelo fica um nojo, e você começa a se achar a esposa do Tiririca.

Não bastasse tudo isso, o humor, que vocês insistem em reclamar, fica absolutamente incontrolável. Ou alguém ainda acha que a gente faz de propósito, porque ADORA dar bafão em público, como ser dispensada de uma reunião pelo chefe, após ouvir dele que você não deveria ter se atrasado naquele dia, porque ele não aguenta olhar pra sua cara vermelha e molhada de lágrimas? (sim, eu já passei por isso, mas a minha sorte é que a minha chefe era muito gente fina e, sendo mulher, entendeu bem o que eu estava passando) Ou, ainda, que nos DELEITAMOS com ouvir de vocês que "hoje você está insuportável", frase invariavelmente seguida da famosa "todo mês é a mesma coisa"?

Não, meninos, a gente odeia tudo isso. E se é ruim pra vocês, imagina pra gente. Diz a história que, na época de Abraão, os judeus eram bem espertos e tinham o costume de respeitar suas mulheres nesse período. Eram  os dias da Tenda vermelha, quando todas a mulheres da tribo se enfiavam na barraca de cor bem simbólica, cheia de guloseimas, e lá ficavam, todas juntas. E só saíam depois da última gota de sangue. Eram dias em que não mulher trabalhava, e os homens tinham que tomar conta da vida cotidiana, mas pelo menos não tinham que aturar suas esposas e filhas chorando pelos cantos. O que acontecia lá dentro era segredo e só pertencia ao universo feminino, como tudo que se relaciona à essa etapa mensal, e numa espécie de irmandade: da esposa do chefe à escrava mais pobre, todas partilhava a mesma tenda, naquele período.

Seria bom, né?

Mas, como não temos isso hoje em dia, resta a vocês, meninos, um mundo de paciência e três conselhos que, se seguidos são verdadeiros atos de amor: Primeiro, mantenham certa distância, suficiente para deixar-nos quietas, mas não tanta que nos deixe desamparadas. Como não temos nossas "irmãs", frequentemente precisamos do carinho e atenção de vocês.

Segundo, lembrem-se: não é pessoal. A maioria das barbaridades faladas por  uma mulher em tpm não é verdadeira e, se bobear, ela nem se lembrará daquilo que falou numa crise de choro/raiva, então, relevem. É  quase como se um outro ser habitasse naquele corpo, naquele período. Você não gosta do inquilino? Nós também não, mas o nosso contrato com ele é vitalício...


Terceiro, contem! Arrumem um calendário e anotem, nos primeiros meses, as datas das crises "tpmáticas". Depois disso, percebam, o ciclo se repete a cada mês, é só contar! Assim vocês já saberão que o período se aproxima (e não são pegos todo mês de surpresa) e evitam que a gente ouça aquela maldita frase de novo: "Mas como? jáááá?"

Quarto (é, eram só três, mas me lembrei de mais um, que é essencial): Calma, vai passar!



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