domingo, 31 de janeiro de 2010

One

se a gente já não sabe mais
rir um do outro, meu bem
então o que resta é chorar
e talvez
se tem que durar
vem renascido o amor
bento de lágrimas.
 
Aimee man tem razão: Um é o número mais solitário que você pode encontrar. E Dois, bem... pode ser tão ruim quanto, afinal, Dois é o número mais solitário depois do Um. Depois que você foi, eu passo meus dias fazendo rimas de ontem. Um é o número mais solitário que já existiu.






One is the loneliest number
That you'll ever do
Two can be as bad as one
It's the loneliest number since the number one

No is the saddest experience
You'll ever know
Yes, it's the saddest experience
You'll ever know
Because one is the loneliest number
That'll you'll ever do
One is the loneliest number
That you'll ever know

It's just no good anymore
Since you went away
Now I spend my time
Just making rhymes
Of Yesterday

Because one is the loneliest number
That you'll ever do
One is the loneliest number
That you'll ever know

One is the loneliest number
One is the loneliest number
One is the loneliest number
That you'll ever do
One is the loneliest number
Much much worse than two
One is a number divided by two


sexta-feira, 29 de janeiro de 2010

Choose life...

(novembro de 2009)

a vida que eu escolhi não tem luxos: não tem riquezas, hotéis cinco estrelas, viagens pelo mundo. a vida que eu escolhi não tem glamour.
a vida que eu escolhi é construída a cada dia: pensando que, no fim do mês, pode ser que não dê pra comprar aquela blusa nova, já que abusei no meio do caminho.
a vida que eu escolhi é simples, mas tem seus momentos de glória. Aliás, tem muitos desses momentos. momentos singelos, como um café da manhã na cama, um beijo de boa noite, ou um carinho nos cabelos, pra fazer dormir.

a vida que eu escolhi tem o conforto de um abraço, um beijo, uma calçada ensolarada, num jardim de um museu. e a beleza do por do sol que se seguiu.
a vida que eu escolhi tem a singeleza de um gesto, uma pequena orquídea amarela, numa noite chuva, vento e frio. e terá o calor de um cálice de vinho, e um filme não acabado.
a vida que eu escolhi tem a alegria de ganhar uma canção, que não tocará nas rádios do mundo, mas que foi feita só pra mim, enquanto eu dormia calmamente no sofá. ou no quarto. ou na casa da minha mãe.

a vida que eu escolhi tem umas coisas inexplicáveis, como passar a tarde sentada num banco de loja, falando bobagens, e me sentir plena. ou atravessar a cidade apenas pra almoçar junto.

a vida que eu escolhi me inunda de felicidade, quando ouço uma canção que antes não fazia sentido.

a vida que eu escolhi é assustadora porque é real. porque tem problemas, dificuldades. porque tem passado, presente e futuro.

a vida que eu escolhi é feita de erros e acertos, muitos, muitos erros. e alguns acertos, bem-feitos.
ela tem a beleza dos amantes, a calma dos velhos e a energia dos infantes.
e tem jantares com amigos, planos de mudar os móveis, aventuras para instalar um armário numa cozinha oca, adotar uma gata e chamar de filha, telefonemas na madrugada, declarações de amor...
isso. a vida que eu escolhi tem, antes de tudo, amor.
e o melhor de tudo é que a vida que eu escolhi já começou. eu só espero voltar pra ela. todos os dias.

quinta-feira, 28 de janeiro de 2010

Astrologia de internet

Como eu não tinha nada de melhor pra fazer nesses dias de chuva, acabei fuçando na internet e encontrei esse texto que fala um pouco de mim, ou de mulheres como moi.

Se é verdade ou mera coincidência, eu não sei. mas que me identifico com muitas das coisas que estão ditas aí, isso não posso negar. Com vocês, à moda de Balzac, A Mulher de Touro:


A mulher de touro possui mais coragem moral e emocional do que muitos homens rudes, mas tem bastante confiança em seu próprio sexo para permitir que ele seja o chefe, desde que queira assumir esse papel. Se não o fizer, ela pode tomar o controle e passar a dirigir as coisas, embora preferisse que não fosse assim. Ela busca um homem de verdade.

Quando ela cruza com alguém de quem não gosta, não inicia uma grande campanha para destruí-lo ou desafiar seus ideais e motivos. Simplesmente o evita. A mulher de touro é capaz de demonstrar uma indiferença fria por seus inimigos, mas se conta você como amigo, será leal em todos os seus êxitos e adversidades.

Você pode dirigir um maxwell, subir no mastro da bandeira, ir pra cadeia ou usar margaridas no chapéu. É amigo dela e de algum modo ela justificará suas atitudes. Aqui há um pequeno senão. Ela é irredutível em esperar que você retribua sua fidelidade e lealdade irrestritas. Se você não lhe der em troca uma completa devoção, ela se recolherá mal humorada a um canto, envolta numa nuvem cinzenta de tristeza e resentimento.

A mulher de touro não se importa com o fato de os homens olharem para as outras moças, ela não fica vermelha de raiva quando ele admira abertamente uma jovem bonita. É preciso mais do que um flerte casual ou um beijo de boa noite na face pra despertar sua ira taurina. Se ele ultrapassar os limites do que ela considera jogo limpo, ela pode se transformar num verdadeiro terror, porém, a linha é traçada com bastante genorosidade. E se você nunca a viu furiosa, deixe-a em paz.

O senso prático e comum e a capacidade para entender os fundamentos de qualquer assunto são essenciais para ela. Ela é uma pensadora sólida, prática, sem enfeites ou acrobacias mentais. Seus pés estão plantados em terrra firme e definitivamente não têm asas nos calcanhares. Raramente as mulheres de touro são instáveis - mantêm seu equilíbrio e a cabeça no lugar. Normalmente a perpectiva taurina é reta e verdadeira, sem desvios, curvas ou distorções.

Ela é uma criatura estritamente material. Mas para interessá-la um objeto ou uma idéia tem de atrair seus sentidos finamente sintonizados. Para reagir com uma excitação genuína, ela tem de obter alguma satisfação sensual em tudo o que faz.

Suas flores devem ser de verdade, ter uma fragrância verdadeira. Em geral seu perfume será exótico e persistente. As moças de touro se emocionam visivelmente com o cheiro doce dos raios de sol nos lençóis recém-lavados ou com o delicioso aroma do pão assando no forno. Ela é espiritualmente despertada pelo cheiro do jornal da manhã, pelo odor inebriante da grama recém-aparada após uma chuva primaveril, pelo cheiro das velas de cera acesas ou da fumaça de um monte de folhas de outono, que está ardendo sem chamas. Os odores desagradáveis afetam-na intensamente em sentido contrário.

As cores também excitam tremendamente seus sentidos; quanto mais vivas, melhor. Todos os tons de azul, do muito claro ao anil, enfraquecem sua viva resistência. O mesmo acontece com os tons de rosa.

Sua comida deve ser bem gostosa, e ela em geral é generosa nos temperos. Quando essa moça enverga um avental não é apenas pra fazer torradas com canela. A mulher típica de touro sabe se impor ao seu coração pela comida, e sua cozinha é uma verdadeira armadilha para o homem.

Os sons harmoniosos e os belos efeitos visuais atraem-na como um ímã.

Com toda a sua sensualidade, a mulher taurina é uma menina travessa no fundo do coração. A terra acena-lhe sedutoramente - e ela responde abraçando a Mãe Natureza com êxtase sincero. Se você quizer que ela também o abrace com prazer, não toque música estridente em seu som, não coma alho sem depois gargarejar e lavar bem a boca, nem use cores berrantes.

Os tecidos que ela usa têm de ser luxuosos e macios ao tato, jamais irritantes, e é provável que ela se vista com gosto e simplicidade. Sua natureza sensual pode não ir até o ponto de incluir roupas de baixo muito luxuosas ou espalhafatosas.

É muito raro que ela seja exigente, a não ser no que diz respeito a lealdade, e sua índole é em geral calma, simples, agradável. As pessoas adoram seus modos incisivos e pachorrentos - são tão relaxantes quanto um banho quente. É provável que ela própria adore banhos quentes, com muitas loções, óleos e bolhas.

É possível que você venha a descobrir de modo mais rude, que uma mulher de touro não gosta de ser contestada, especialmente em público.

Lembre-se de que ela gosta de fazer as coisas com lentidão. Se você apressá-la ela pode zangar-se. Seu ritmo vai do lento ao deliberado e firme; raramente chega ao impulsivo, mas pode atingir ao violento quando é muito atormentada.

A maternidade vai-lhe muito bem. Mistura-se suavemente com seu tempero sereno e se adapta lindamente a sua natureza bovina. Ela enche os bebezinhos de carinhos e adora quando eles começam a andar, porém a medida que vão crescendo, ela pode se tornar muito severa e exigente. Existe um traço de inflexibilidade nas mulheres de touro, devido ao qual ela têm muita dificuldade em aceitar as múltiplas e confusas alterações que se precessam na adolescência . A mãe de touro fica zangada quando se contraria sua disciplina. Ela não suporta ser desobedecida nem desafiada. Toda a fúria de touro é despertada. Ela também dificilmente tolerará a preguiça ou o relaxamento, e é provável que os filhos conservem o quarto limpo e arrumado - ou terão de se haver com ela.

A maioria dos filhos de uma mulher nascida em maio se lembrará dela como mãe, nos primeiros anos de vida, e como companheira com um bom senso de humor nos últimos. Dos anos intermediários - quando a impaciência da juventude se choca quanto a firme determinação do touro - eles podem guardar algumas lembranças desagradáveis. Ela os defenderá com toda a força e lealdade das agreções exteriores e os ensinará a imitar sua própria coragem sincera.

As mulheres de touro jamais são covardes. Trabalha pesadamente. Caminhará orgulhosamente ao lado do seu homem, raramente tentando ultrapassá-lo ou ficar à sua sombra. As mulheres de touro não gostam de nenhum tipo de fraqueza.

As fortunas rápidas sem fundamento sólido não atraem seu senso de estabilidade. Ela prefere ver você construir o futuro cautelosamente. Causar boa impressão é importante pra ela, e muitas mulheres de touro encorajam seus maridos a construírem um futuro seguro, convidando gente influente pra jantar. A mulher de touro é o espírito da hospitalidade.

Há sempre bastante lugar e bastante amor em seu coração para saudar os estranhos e os parentes queridos, e sua casa é um refúgio cálido pra quem acaba de sair de uma tempestade.

(Trechos do livro Seu Futuro Astrológico - Linda Goodman)

terça-feira, 26 de janeiro de 2010

Norte


Cheguei ontem a Chico, depois de 4h de viagem debaixo de muita chuva. Passamos pela capital do estado, Sacramento, e não tem nada pra ver lá,  além da enorme caixa d'água e de milhares de nogueiras.
A região é famosa pela produção de nozes, arroz e mais alguma coisa, que eu não lembro. Também possui alto índice de viciados em metanfetamina e álcool. Lugarzinho maneiro pra se viver né? Poisé.

Chegando a Chico, chovia tanto que não deu pra fazer uma volta de reconhecimento, mas a cidade é bem maior do que eu esperava. Hoje andei pelo centro e tem um charme de cidade pequena. A universidade é antiga, do fim do século 19, então tem aqueles prédios bonitos de tijolos vermelhos. Vamos às fotos.




Cata-ventos no caminho, produzindo energia








Nut trees, por todo o caminho





Praça central de Chico.










 


Igreja da Cal State Chico, e sua torre






Um pássaro que encontrei no caminho.

Um ano versado





Ao Ev e seu blog Pactum Subjectionis,
que hoje comemora um ano

Sempre me perguntei de onde veio a palavra aniversário. É, desde criancinha tenho essas tendências estranhas, daquelas que o pai acha estranho e a mãe sempre fala "deixa a menina, ela é diferente"... Mas, voltando, sempre me perguntei: que coisa quer dizer aniversário? O prefixo é fácil: ani - ano. Agora... Versário? Nunca descobri.

Tenho cá pra mim que vem de verso. Simplesmente porque gosto de pensar que a vida é assim, cheia de poesia. Poesias bonitas, feias, degradantes, iluminadas, felizes, tristes, pictóricas... poesias, poemas, frente e versos...

Um ano de (in)versos. Parabéns, Pactum. Que venham mais anos. E versos.

segunda-feira, 25 de janeiro de 2010

Rumo ao norte...

Parti essa manhã rumo à Chico, 90 milhas ao norte de Sacramento. Amanda me buscou às oito e quarenta da manhã, mas, até que realmente pegássemos a estrada, eram mais de dez.


Planejávamos ir pela costa central da Califórnia, mas o mau tempo que anda rondando essas terras nos apanhou logo antes de San Luis Obispo, às duas da tarde, quando passávamos por Pismo Beach.
Passando frio em Pismo Beach





Visão da Pacific Coast Hwy



A última visão do mar que tivemos foi em Pismo Beach, onde paramos para tirar essas fotos. Depois disso, eu assumi a direção até agora há pouco, às 7:30, quando, passando perto de San Francisco, falei que já estava cansada de dirigir.



Decidimos passar a noite em Pleasanton, e seguir viagem amanhã cedo.
Amanhã, espero poder postar umas fotos de Chico, uma cidade que não tem nada, mas que é cercada de coisas bonitas, pelo menos é o que dizem.




Antes de San Luis Obispo, saída para Gaviota Beach e as montanhas lindíssimas.




Pismo Beach e os penhascos vistos de cima.









primeira parada, logo após Santa Barbara












em Pismo Beach








Essa configuração do blog ficou uma merda, mas com o tempo eu (acho) acerto.

He and I got a brand new start...

I gotta give all my love...

Tenho ouvido muito Little Joy. Entre outras coisas, o som do Amarante tem o poder de me deixar feliz.

E eu tenho acreditado que haverá um novo começo. Tudo que preciso é de um pouco mais de paciência. Enquanto isso, o mundo gira em outra sintonia.

E eu rumo pro norte, mais ao norte, para poder mergulhar em direção a sul, de alma límpida.

A saudade aperta, mas o coração aguenta.

quinta-feira, 21 de janeiro de 2010

O Repouso das Coisas

Mais uma coisa que eu li, gostei e compartilho. Recebi esses dias, o maravilhoso cumprimento de que meu estilo textual lembrava o da Martha Medeiros. Se é verdade ou não, nunca saberei. Mas que me senti chique, ah, isso eu me senti. Então lembrei de um texto dela, que está no livro de crônicas "O Trem Bala". O livro tem várias cônicas boas, e, procurando por esse texto passei por vários outros que também poderiam estar aqui. Mas fica registrada então a escolha primeira. Com vocês, Martha Medeiros:

O REPOUSO DAS COISAS

Não gosto de escrever um texto e mandá-lo imediatamente para a redação do jornal. Escrevo com certa folga de tempo, para que eu possa deixar o texto dormir um sono reparador antes de jogá-lo às feras.

Assim como as pessoas, certas coisas precisam descansar para recomporem-se. No caso do texto, é fundamental para mim esquecê-lo por um pequeno período. Quando volto a poros olhos nele, horas ou dias depois, consigo detectar melhor suas falhas, repetições ou parágrafos confusos: é a hora da faxina, de limpar o que está sobrando, e só então liberá-lo para seu destino. Lamento pelos vestibulandos que não podem apelar para esse recurso, escrevendo contra o relógio suas redações, sem chance de revisá-las com a cabeça fresca.

O repouso das coisas é cada vez mais raro nesse mundo onde todos estão atrasados para alguma coisa. Diariamente, temos que decidir, optar e cumprir prazos para ontem, sem muita chance de deixar as  resoluções tirarem uma soneca antes de serem efetivadas. Fica assim prejudicada a clareza necessária para detectar nossos erros e acertos.

No calor de uma discussão, levamos a sério todas as bobagens que nos dizem, passando rapidamente para o contra-ataque e assim dinamitando a relação. Se pudéssemos levar nossa mágoa pra cama e com ela dormir, acordaríamos no outro dia enxergando-a sem maquiagem e no tamanho que ela realmente tem: miúda diante de coisas mais importantes do que as palavras rudes que, na noite anterior, escaparam sem querer.

Um sim dito às pressas, um não que foi verbalizado por medo, um silêncio onde deveria haver um argumento: vacilos póstumos. Pudéssemos botar para dormir nossas dúvidas, acordaríamos mais sábios e menos impetuosos. Mesmo as paixões velozes merecem um certo resguardo, uma espiada mais distanciada, para ver onde estamos nos metendo. Cadê tempo, porém, para o afastamento necessário de nós mesmos, para melhor nos enxergar?

A realidade não permite tais romantismos. Vence quem toma decisões rápidas, caso de cirurgiões, artilheiros, policiais, motoristas. Fica cada vez mais difícil contar até dez antes de tomar uma atitude. Sorte a minha que posso me dar ao luxo de trabalhar e viver com relativa calma, deixar esse texto dormir na escuridão do computador desligado e só amanhã acender a luz, fazer nele alguns afagos e apertar, finalmente, a tecla send. Como cantava Gal Costa, "a vida não é mais do que o ato da gente ficar/ no ar/ antes de mergulhar".

Julho de 1999

quarta-feira, 20 de janeiro de 2010

Butterfly fly away

No compasso de uma borboleta eu vou. Voando desastrada, sem seguir uma linha reta. Pouso em flores, dou voltas... Vôo sem saber a rota, mas com destino certo.

Todo nascimento é também um rito de morte.

O passo do bebê girafa, após nascer  - e despencar de mais de um metro de altura - é incerto, mas fundamental: levanta-te ou te devoram.

O mesmo se dá com as borboletas: é preciso voar. Secar-se rapidamente ao sol da manhã e partir. As asas, ainda úmidas, parecem não saber seu propósito, e eu, antes lagarta, ainda olho as costas e procuro entender de que forma aquelas estruturas brotaram em mim. Me acostumo com as asas recém descobertas: Não é fácil sair da crisálida. Mas, tal qual ela busca a flor mais cheirosa, eu busco a felicidade.

Mesmo que leve mil anos, mesmo voando incertamente, mesmo que alguma outra flor me engane e pareça, erroneamente, ser aquela que procuro, mesmo que eu tenha que recomeçar, eu sei que chegarei lá. Podem apostar.

terça-feira, 19 de janeiro de 2010

It's not me, its us.

O que mais quero é chegar em casa. Enquanto espero, fumo um cigarro ou dois, contando os dias pra voltar. Chegarei e baterei na sua porta. Possivelmente ela não abrirá.

Sabe Deus se haverá outra mulher a dormir na cama que acostumei a chamar de minha. Meu cheiro não está mais em cada lençol, em cada canto da sala. Minhas coisas já foram empacotadas, suas dores já foram sofridas.  Restam as minhas dores a latejar. Desculpe, mas não pude mais aguentar.

O trânsito está horrível, e chove. Minha alergia te enganará, escondendo minhas lágrimas. Sento-me ao pé da porta, esperando em vão por um abraço que não virá.

Passam as horas. Secam as lágrimas, fica o vazio. Escuto passos, os teus passos. Ergo-me e procuro ajeitar os cabelos, recompondo em vão minha figura. Tu olhas pra mim, e adivinho um sorriso, mas ele não vem. Teus olhos não mais brilham, teu corpo se crispa: não me queres ali, mendigando à tua porta.

Nenhuma palavra é trocada. Me abres a porta. Eu entro. Continuo a esperar o abraço que não vem. Espero um conforto, em vão. Não nos conhecemos mais. Não somos mais aqueles que éramos. Nossos conjuntos não mais se intercalam, não tocamos as mesmas músicas. Talvez ainda haja amor, mas ele não parece ser mais suficiente.

Me ofereces uma xícara de chá. Eu aceito. Tomamos em silêncio, olhando um ao outro, tentando enxergar naquele estranho o ser que amamos e pelo qual nutrimos tantas esperanças, fizemos planos, sonhamos juntos.  Não, as pessoas não existem mais. Procuro entender onde foi que nos perdemos. Não sabemos.

Eu não quero nada mais do que ver seu rosto quando voltar pra casa. E talvez conversemos pela tarde, talvez tomemos um chá, talvez ainda haja "nós". Eu sei que não é justo, mas não resta mais nada a fazer, agora.

Perdoa, mas não consegui aguentar. Fraqueza sempre andou junto com a força. Foi preciso força pra reconhecer minha fraqueza. E o silêncio só aumentou a distância que já havia entre nós. O medo foi a força que não nos deixou andar.


Não foi o amor que acabou, foi a dor que ganhou a corrida. O problema não é meu, não é seu. Its not me, it's us.


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(ao som de Chinese - Lily Allen)

segunda-feira, 18 de janeiro de 2010

Do desamor

(Segundo Favia C.)

Ia escrever aqui, mas ela escreveu tão bonito, que disse tudo que eu queria dizer. Copio, então, na íntegra, o texto dela, disponível aqui.

Do desamor

Vinte e nove anos eu tenho, e há vinte e nove anos que me falam exaustivamente de amor. Amor, amor, amor - sempre ele. Amor de pai e mãe, de avô e avó, de primo, coleguinha, namorado, amigo. Amor de todo jeito, até dos (e pelos) bichinhos de estimação. A palavra amor parece ser a que deve reger a roda da vida, o sucesso profissional e pessoal, os humores, o morar, dormir, acordar, parir e viver. É uma overdose de amor, um coma alcoólico de amor.

Irônico nisso é que, bem sabemos (e desculpe se queimarei os castelos de algum desavisado), o amor tal como o conhecemos é mais uma bela invenção humana, construída, aperfeiçoada e adornada ao longo de séculos e séculos, principalmente no sentido estrito do amor romântico - esse sem-vergonha. Vivemos um sentimento que, a bem da verdade, ninguém sabe muito bem o que é. Afeto, carinho, paixão, compaixão... Tudo isso, ao fim e ao cabo, não é amor, em diferentes gradações e espécies? E não é essa diversidade de formas de apresentação que traz o “não-sei-quê que faz a confusão”?

Não que o amor seja uma criação perversa ou algo ruim: imagine! Se não fosse esse sentimento tão nobre e humano, teríamos feito muito pouco neste planetinha que nos foi legado. Agora, se há um sentimento outro, sobre o qual nunca ouço falar, embora o veja espalhado pelo mundo, é o desamor.

Ah, o desamor: palavra que traz uma carga imensa de lágrimas e ranho. Quando ela me vem à cabeça, a imagem que faço é daquela bolerosa mulher dos anos 50, vestida em tafetá de seda azul-rei, sozinha, sentada à bancada de um bar na elegantíssima Copacabana de antanho. Enquanto Dolores Duran canta lá no palco um samba-canção cheio desamor, aquela mulher, amargando uma tremenda dor de cotovelo, acende o vigésimo Gaulloises e pede ao barman mais uma dose de whisky - cowboy. Dolores, doce e cruel, entoa:

Toda amargura
Que há no céu
Que há na terra e no mar
Nasceu talvez da tristeza que tens no olhar
No céu há um sol a brilhar
Que beija a terra e o mar
Só tu continuas assim
Dia e noite, a chorar


Mas e o dia seguinte daquela noite etílica e fumarenta?

Primeira hipótese.

Ele não vai voltar; a despeito das crianças, do apartamento na Bolívar e das festas na pérgula do Copa, o desquite é inevitável. Ele foi seu primeiro namorado, o homem a quem seu pai a entregou, com pompa e circunstância, no altar do Mosteiro de São Bento. Ele era seu único e verdadeiro amor, e agora ela o via escapar por entre os dedos e cair nas mãos duma corista do Night and Day. Pois é: além de ganhar a medonha pecha de desquitada, ainda teria de suportar perder seu homem, de fato e direito, pra uma Certinha do Lalau. Como viver com isso?

Por uma ironia cruel
Alguém começou a cantar
O samba canção de Noel
Que viu nosso amor começar
Só falta agora
A porta se abrir
E ele ao lado de outra chegar
E por mim passar
Sem me olhar


E já era manhã quando, levando os scarpins na mão, deixou seus pés tocarem na areia úmida do Posto 4. Debruçado num janelão que se abria pro atlântico sul, o poeta (havia muitos, de verdade, naquele tempo) via aquela mulher que, lenta e firmemente, entrava no mar, submergindo sem susto, como se encharcar os pulmões de água até fenecer fosse a única coisa sábia a fazer.

Segunda hipótese.

Ele não vai mesmo voltar, e essa certeza dói demais. Ela ama aquele homem de tal forma, e há tanto tempo, que nem sequer se lembra de como era viver sem amá-lo. E será que é possível desamar? Há de ser: é isso ou a morte. Morrer duas vezes é pensar nos meninos criados por uma madrasta vedete de teatro de revista. Morrer três vezes é saber que mal completou 30 anos, que tem bons pulmões (apesar do cigarro), que é linda e cobiçada e que dará cabo da própria vida se não aprender o que é desamor.

Vamos sair por aí
Sem pensar no que foi
Que sonhei
Que chorei, que sofri
Pois a nossa manhã
Já me fez esquecer
Me dê a mão
Vamos sair pra ver o sol


Dobrando a esquina da Duvivier com a praia, ela viu a bruma morna sobre o mar amanhecido. Faria um dia quente, pensou. Caminhando pelo rasinho, molhando a barra do vestido, sorrindo e passando os dedos pelos loiros e anelados cabelos, chegou até seu apartamento. Hoje, levaria os filhos pra um mergulho. Depois, passaria na modista. Durante o almoço, planejaria o divórcio em Montevideo. E, antes de voltar pro jantar, compraria o disco daquele baiano moderno de que andavam falando. Já não fazia sentido algum ouvir samba-canção, se queria mesmo era viver em compasso de bossa nova.

domingo, 17 de janeiro de 2010

Dormir

E só acordar quando o inverno passar. Ouvindo o sussuro do mar entoando uma bela canção. Ninarei meus sonhos, envoltos em brumas.



Perdi minha concha, alguém viu? Molusco desprotegida procura concha caracol deseperadamente. Caso encontre, entregue pra mim, prometo fazer bom uso dela. Obrigada.

sexta-feira, 15 de janeiro de 2010

Silêncio



Uma passagem longa e torturante.
Passarei aos gritos.
Sobreviveremos, todos.

quinta-feira, 14 de janeiro de 2010

trilha sonora para enfossar.

Em momentos de crise, curto uma fossa fudida. Mas fossa que é fossa precisa da trilha sonora perfeita, aquelas canções que te fazem chorar mais que a Bridget Jones - Não sei porquê, mas eu tenho na lembrança a imagem dela chorando horrores, com umas 20 caixas de lenço de papel - de deixar seu mundo desabar, se sentir o pior dos mortais.

minha última lista é até eclética:

- Love is a losing game - Amy Winehouse
- Everybody Hurts - R.E.M
- Mais vinho pra mim - Samambaia Sound Club
- Space Oddity - David Bowie
- Conversa de botas batidas - Los Hermanos (na verdade basicamente qualquer uma deles, pode me deixar muito feliz ou muito triste)
- I want you - Bob Dylan
- é você que tem - Mallu Magalhães (é, até ela)
- Bridge over a troulbe water - Aretha Franklin
- kiling me softly with this song - Aretha Franklin
- Honestly - zwan

não são muitas as músicas dessa lista de hoje, mas é que eu tenho o dom de ouvir a mesma por horas a fio.

que mais? deve ter umas vinte milhões mais. milhares do Chico, mas dessa vez não rolou. quem sabe na próxima?


em tempo: o blog Trilha Para tem um monte de músicas bacanas, pra cada momento da vida. Não achei pra fossa, mas num procurei muito também.

Com cara de antigamente...

Como não to com vontade de falar nada, será rápido:

Rock com um quê de ontem:

The Generationals - When they fight, they fight.
Do álbum Con Law, lançado no ano passado.
Segue o vídeo (mais pelo áudio, já que não é um clipe, mas um fan video):



e a letra:


When they fight, they fight
And when they come home at night they say,
"i love you, baby."

Was it too much too soon,
Or too little too late?
He got the message she left on his car, in the rain.

And then the words they come to you,
driving away.
You just can't let it go.

And when they fight, they fight,
And when they come home at night they say,
"i love you, baby."

And when it all comes crashing down,
what can you do,
to find what you're looking for?
And then the words will come to you,
driving through the rain.

But there'll be no one there to say them to anyway.

quarta-feira, 13 de janeiro de 2010

Circular

a esperança constrói o sonho,
que constrói o plano,
que constrói a vida,
que constrói o riso,
que constrói a esperança.




tá, sei que não ficou grande coisa, mas essas cinco palavras não paravam de ecoar na minha cabeça.

segunda-feira, 11 de janeiro de 2010

Invertendo valores...

Nunca pensei que minhas aulas de literatura portuguesa V fossem ser extremamente úteis na minha vida. Em verdade que não são, mas de certa forma, foi a pseudo-leitura dos textos da disciplina que me embasaram na escrita desse texto de hoje.

Confesso: nunca pensei em mim como uma pessoa exótica. Afinal, uma mulher branca, jovem, urbana, com curso superior é exatamente igual à todas as outras mulheres jovens, brancas, urbanas e com curso superior. Igual no que tange à representação de classe, sim, mas sempre me considerei mais uma em meio à multidão. Nem muito feia, nem muito bonita. Mais pra muito magra do que pra gostosa. Nem loira, nem mulata: absolutamente padrão. Convenhamos, me encontro naquela faixa humana entre a Gisele Bundchen e o Tiririca, que passa a vida sem ser "descoberta" e sem ser escancaradamente feia. E esse nicho de normalidade sempre tendeu pra mandar a auto estima lá pro pólo sul. Mas eu sobrevivia.

Daí que um dia pirei o cabeção e me mandei, de mala e cuia, pra califórnia. Chegar aqui foi muito esquisito, no sentido sócio/cultural e étnico da coisa. Pra começar, todos os meus padrões e parâmetros foram jogados no lixo. Não, eu não sou branca. Branco, aqui, só quem se chama Smith, tem olhos azuis, cabelos loiros (naturais ou à base de H2O2) e uma ascendência anglo-saxônica (ou nórdica - não dá pra negar que aqueles galegos lá da suécia e da noruega são brancos). Sim, meus caros, nosso chamado homem branco, o português malvado que matou os índios brasileiros e escravizou os africanos, esse não é considerado branco. Na melhor das hipóteses, ele é considerado europeu, e daí é um pseudo-branco.


Também não sou considerada latina, já que ser latino significa ter cara de índio, 1,50m de altura, falar espanhol e me chamar Maria, Carmen ou Lucía. Do alto dos meus 1,70m, dessa pele morena que deus não me deu e com cabelo claro, falando um portunhol de meia-tigela, sou veementemente rejeitada pela classe "latina", restando recolher-me à insignificância do rótulo de "brasileira".

E é aí que eu chego ao ponto que iniciou essa conversa toda, aquela coisa das aulas de literatura portuguesa e tal. Nessa disciplina estudávamos a relação metrópole (portugal) colônias (africanas) e o estranhamento envolvido nela, perceptível na literatura. Era um estranhamento que habituou-se chamar de mesmo-outro, em que o papel de "mesmo" é desempenhado pelo escritor, notavelmente um colono (e, portanto, branco) e o papel de outro é desempenhado pelo mundo que ele observa, notavelmente os colonizados (e, portanto, negros). Sei que a explicação é bastante falha, mas isso é um blog, se quiser mais detalhes, vai ali no sábio da montanha e digita "relações coloniais na literatura portuguesa". Aparece um monte de coisas, entre elas o texto de Francisco Noa, que me pareceu bem pertinente.

E, desde que cheguei aqui, o que sinto, todos os dias, é que desempenho o papel de "outro". Tão acostumada que eu estava, no meu posto de "mesmo", aquele de mulher jovem, branca, urbana e universitária - papel típico do terrível colonizador, me faltando apenas um pênis para ocupar o papel com propriedade, nesse mundo falocêntrico - foi uma reviravolta. De uma hora pra outra fui jogada no extremo oposto: mulher, mestiça (afinal, todos os brasileiros são, né? Eu então, praticamente uma globeleza), de um país tropical, "em desenvolvimento", com uma língua estranha: o estágio mais completo de o que eles chamam de minoria. E junto com "minoria" vem a palavra "diferente" e daí pra "exótica" é um pulo.

E é "exótico" pra tudo: sotaque exótico, feições exóticas, estilo exótico, país exótico... Ai, confesso, tem hora que cansa. Pior mesmo é a quantidade de vezes que já me pediram pra dançar samba - logo eu, com essa ginga e brasilidade nata - e a quantidade de vezes que tive que explicar que A) "Nem toda brasileira é bunda" B) prostituição não é crime no brasil, se você tiver mais que 18 anos, mas cafetinagem é. C) isso não significa que toda brasileira seja puta. D) o "cara de braços abertos" é o cristo redentor, E) não, ele fica no Rio, não em São Paulo. F) São Paulo é maior que Nova Iorque - nem sei se é de fato, mas quando digo isso eles entendem que temos cidades muito grandes. Já ganhei até elogio porque sabia dirigir do lado certo da rua (sim, a pessoa pensou que o resto do mundo dirigia com a mão inglesa). Minha conclusão? Mesmo aqueles com as melhores intenções pecam pela ignorância. Os estadunidenses (eles ficam surpresos quando eu me recuso a chamar ao país de América e a eles de americanos), em sua maioria, não sabem nada do resto do mundo.

Essa ignorância do "mesmo" em relação ao "outro" colocou minha "sabedoria" em cheque: o quanto eu, como "mesmo" conheço do "outro"? Percebi que meu conhecimento em relação ao mundo se resume à américa portuguesa (como vocês sabem, é só o brasil), américa inglesa (entenda-se EUA) e europa ocidental. Sei vagamente da américa espanhola, porra nenhuma do canadá (exceto que tem duas línguas e muita neve, e os estadunidenses não gostam deles), levemente da áfrica e ásia, um tisco do leste europeu e nada da oceania. Caramba! Isso, pra quem é fã de curiosidades inúteis como eu, foi doloroso! Pra remediar essa situação, essa noite passei algumas horas (com auxílio do google earth, google sky e a wikipédia - que, juntos, formam praticamente o guia do mochileiro das galáxias) estudando o mundo,  a vida, o universo e tudo mais... Pensava comigo: Ainda é tempo, Flipper: até breve, e obrigado pelos peixes!

Confia e protege

Continuo a me desnudar. Gostem ou não, preciso disso aqui, hoje.
I Coríntios 13 
(...)4) O amor é sofredor, é benigno; o amor não é invejoso; o amor não se vangloria, não se ensoberbece, 
5) não se porta inconvenientemente, não busca os seus próprios interesses, não se irrita, não suspeita mal; 
6) não se regozija com a injustiça, mas se regozija com a verdade;
7) tudo sofre, tudo crê, tudo espera, tudo suporta.
8) O amor jamais acaba; mas havendo profecias, serão aniquiladas; havendo línguas, cessarão; havendo ciência, desaparecerá;
9) porque, em parte conhecemos, e em parte profetizamos;
10) mas, quando vier o que é perfeito, então o que é em parte será aniquilado.
11) Quando eu era menino, pensava como menino; mas, logo que cheguei a ser homem, acabei com as coisas de menino.
12) Porque agora vemos como por espelho, em enigma, mas então veremos face a face; agora conheço em parte, mas então conhecerei plenamente, como também sou plenamente conhecido.
13) Agora, pois, permanecem a fé, a esperança, o amor, estes três; mas o maior destes é o amor.

Sim, essa é uma citação da bíblia. Infelizmente, o Renato Russo fez o favor de colocá-la numa música junto com o soneto 11 de Luís de Camões, a letra virou balaio e agora todo mundo torce o nariz. Mas a carta é linda.

Eu não sou leitora fiel da bíblia, nem batizada tive a oportunidade de ser. Mas o livro mais vendido do mundo tem suas pérolas, e eu, pessoalmente, considero este trecho uma delas.

Discordo de algumas coisas ditas aí, entre elas a idéia de que o amor "tudo sofre, tudo crê, tudo espera, tudo suporta". Não é verdade. E o amor acaba, sim. Para que isso não aconteça, são necessárias duas coisas: confiar e proteger.

Zela pelo teu amor, assim como pela pessoa que amas. Confia no teu amor e no amor do outro. É o que está dito, o amor "não se porta inconvenientemente, não busca os seus próprios interesses, não se irrita, não suspeita mal; não se regozija com a injustiça, mas se regozija com a verdade".

Todos erramos, talvez diariamente. Todos repetimos os mesmos erros, algumas vezes. Mas o amor deve se sobressair. Até que um dia os erros e injustiças são tantos que amar não é mais suficiente.

Nosso amor é grande. Tem muito a render ainda. Mas os erros... Nossos erros são velhos, recalcados e doloridos. Erremos menos. Confiemos mais. A distância não importa, pode-se estar sozinho estando lado a lado. Confiar não é uma questão de lonjura. É um ato de amor.

sábado, 9 de janeiro de 2010

Receita para comer o homem amado


Pegue o homem que te maltrata, estenda-o sobre a tábua de bife e comece a sová-lo pelas costas. Depois pique bem picadinho e jogue na gordura quente. Acrescente os olhos e a cebola. Mexa devagar até tudo ficar dourado. A língua, cortada em minúsculos pedaços, deve ser colocada em seguida, assim como as mãos, os pés e o cheiro verde. Quando o refogado exalar o odor dos que ardem no inferno, jogue água fervente até amolecer o coração. Empane o pinto no ovo e na farinha de rosca e sirva como aperitivo. Devore tudo com talher de prata, limpe a boca com guardanapo de linho e arrote com vontade, pra que isso não se repita nunca mais.


publicado no livro Falo de Mulher


(ARRUDA LEITE, Ivana. Receita para comer o homem amado. Blog de Ivana Arruda Leite. Disponível em < http://doidivana.wordpress.com>. Acesso em: 8 de janeiro de 2010.)

sexta-feira, 8 de janeiro de 2010

Apenas mais uma história

Perdoem a minha indecência, mas hoje resolvi posar nua. Despi-me de todos os pudores, fiz uma bela maquiagem e postei-me diante da câmera. Vestia uma camisa masculina e saltos altos. Altíssimos aliás. O fotógrafo me olhou de esquiva e disse, Tira tudo.

Ainda em choque pela ordem tão fria, desinteressada até, desci do salto e desabotoei a camisa, desconcertada. Feito isso, enquanto procurava cobrir-me com meus próprios braços, buscando salvar o pouco de decência que me sobrava, fiquei surpresa quando ele me olhou de novo e, surpreso, revelou, Não, eu me referia à maquiagem, pode por suas roupas de volta.

Humilhada, perdida, corava até as orelhas, enquanto juntava meus pequenos trapos e olhava para o chão. O fotógrafo, percebendo meu incômodo, procurou me confortar, Nada é mais nu do que uma mulher mostrar sua verdadeira face, sem truques e tintas; Talvez não seja tão bonito, retruquei ainda incrédula com o que ouvira, Mas com certeza é o mais honesto, ouvi.

O diálogo e a cena acima nunca aconteceram. O que acontecerá aqui, hoje, é ainda um outro tipo de nudez. Se chegaram até aqui esperando ver fotografia com uma mulher pelada, perderam seu tempo. Hoje, desnudo minh'alma.

Dizia um poema - ou um verso, ou um livro de Drummond, já não me lembro mais - que "amar se aprende amando". Pois eu aprendi algo um pouco diferente, nessa minha curta vida: amar se aprende sendo amado.
Amar se aprende perdendo o amor, amar se aprende vendo e sim, amar se aprende amando.

É possível, também, desaprender a amar. É possível aprender a se fechar em copas, por medo de se ferir. É possível magoar o outro, aquele que mais te ama, por medo.

Eu passei por todas essas coisas. tive medo. medo de amar de novo. medo de dar meu coração a alguém, por achar que ninguém merecia tamanho ato de amor. Magoei, fui inconsequente. Eu quase perdi tudo aquilo pelo qual vi outras pessoas lutarem, chorarem e se deseperarem, impotentes. Eu abri mão de tudo, de bom grado.

Mas um dia, eu acordei. Percebi que minha proteção me tinha deixado sozinha. Protegida, sim, mas solitária. Indiferente. Oca. Na minha linda torre de marfim. Pensei, pensei e decidi: Eu quero minha vida de volta.

Com isso, meus caros, não tenho medo de afirmar: minha vida só será completa quando ele estiver ao meu lado. E por isso, eu estou voltando. Com um sorriso nos meus lábios impacientes. E todo amor do mundo, aquele que eu só aprendi a viver depois de ser amada, depois joga-lo fora, depois de vê-lo e, finalmente, depois de amar.

Me espera, meu bem, que eu to chegando.

quinta-feira, 7 de janeiro de 2010

Histórias de Cronópios e de Famas

Primeira e ainda incerta aparição dos cronópios,
famas e esperanças


Fase mitológica


Costumes dos famas


Aconteceu que um fama dançava trégua e dançava catala na frente de um armazém cheio de cronópios e esperanças. As mais irritadas eram as esperanças porque elas tratam sempre de que os famas não dancem trégua nem catala e sim espera, que é a dança que os cronópios e as esperanças conhecem.

Os famas se colocam de propósito na frente dos armazéns, e desta vez o fama dançava trégua e catala só para aborrecer as esperanças. Uma das esperanças depositou no chão seu peixe de flauta — pois as esperanças, como o Rei do Mar, estão sempre assistidas por peixes de flauta — e resolveu interpelar o fama,
dizendo-lhe assim:

— Fama, não dance trégua nem catala defronte deste armazém.

O fama continuava dançando e ria.

A esperança chamou outras esperanças, e os cronópios fizeram roda para ver o que ia acontecer.

— Fama — disseram as esperanças. —Não dance trégua nem catala na frente deste armazém.

Mas o fama dançava e ria, zombando das esperanças.

Então as esperanças se jogaram em cima do fama e bateram nele. Deixaram-no caído ao lado de uma estaca, e o fama se queixava, envolvido em seu sangue e em sua tristeza.

Os cronópios chegaram furtivamente, aqueles objetos verdes e úmidos. Cercavam o fama e o lastimavam, dizendo-lhe assim:

— Cronópio cronópio cronópio.

E o fama compreendia, e sua solidão era menos amarga.

(CORTÁZAR, Julio. Histórias de Cronópios e de Famas)

quarta-feira, 6 de janeiro de 2010

Ballet moderno

Na primeira vez que ele a viu, sua atenção foi dominada pela forma que ela se movia: os movimentos não combinavam com a música. Ela não dançava, mas seus gestos e seu mover lembravam, remotamente, uma espécie de ballet solitário e surdo, já que ela parecia sequer ouvir o ritmo dominante, pairando em uma realidade outra, única. Torceu o nariz: aquilo não podia ser de bom tom; Definitivamente, não era de bom gosto.

Da segunda vez, a reconheceu instantaneamente por seus gestos mas, desta vez, o que antes lhe parecera grotesco lhe atraiu simpatia. Ele a cumprimentou, timidamente, mas ela estava absorta demais em algo que ele insistia em chamar de dança, e sorriu apenas.

Na terceira vez, ele voltara ao bar na esperança de conseguir vê-la. Passara a noite inteira de olho na porta, torcendo que ela chegasse, mas ela não fora. O bar parecia demasiado grande e vazio sem a presença daquela moça tão singular. Na saída, ele reconheceu aquele andar partindo de outro bar e, ao cruzar com ele, ela sorriu entusiasmada e lhe dirigiu a primeira palavra: "amanhã".

Era a quarta vez que se encontravam. Ele se sentia desarticulado e tímido. Ela lhe parecia linda e delicada, os movimentos nunca lhe pareceram tão harmoniosos, e ele sabia serem seus olhos que assim viam, sabia que ela ainda era a mesma moça desritmada da primeira noite. Ela sorriu, o tomou pela mão, lhe estendeu uma bebida: Vamos dançar? Desculpe, eu não danço... Nem eu, vamos dançar? O sorriso lhe era tão irresistível, que ele foi.

Dançaram; ele acanhado, ela confiante, uma dança lenta que em absoluto reconhecia ou admitia o rock animado que dominava o bar. Era uma música só deles. Ele entrou naquele mundo esquisito timidamente, mas o sorriso dela era irresistível. Dançaram, dançaram. partiram de lá, foram à casa dele, bailando pelas ruas. Naquela noite, ele aprendeu que podia dançar, sem ouvir a música, sem sequer mover o corpo, apenas com o calor do espírito. Dançava pelas ruas, muros, telhados, dançava nos ônibus lotados, sem temer os olhares alheios, pois tinha em si o mais desejado dos olhares: o da (agora - e para sempre dali em diante) sua bailarina de sonho.

terça-feira, 5 de janeiro de 2010

Felicidades III

Ela gostava das mesmas coisas. Não era fã de novidades e mudanças, exceto aquelas causadas por ela mesma. Isso se aplicava a tudo, inclusive às metáforas: era uma garota de uma metáfora só. Não era bem verdade, ela tinha algumas metáforas de que gostava, mas sua poligamia metafórica girava sempre em torno das mesmas expressões. Isso acontecia, em verdade, pois ela pensava que aquelas expressões funcionavam tão bem, que não havia razões para buscar outras. Não que não gostasse de poemas e dos jogos da linguagem, apenas sentia que havia encontrado as suas expressões, aquelas que cabiam a ela.

De tudo que havia, seu casamento mais duradouro era com o frio. Achava lindos os dias ensolarados de inverno, e o outono propiciava as cores mais bonitas do ano. Mas não gostava dos dias de chuva. Esses, ela escondia num canto esquecido da memória, torcendo para que a poeira e o tempo os deformassem, e a fizessem esquecer de sua existência. Talvez por isso sua metáfora favorita fosse aquela que explicava a felicidade como um raio de sol que te aquece no frio.

Era velha, a pobre metáfora. Pequenina, franzina, e nem era muito original. Mas era, de tudo que ouvira, o que mais havia de verdadeiro em sua vida. E era assim pois ela sentia na pele: Quando pensava nos anos de colegial, lhe vinham à mente os recreios passados ao sol, fazendo piquenique com as amigas. É que elas inventavam de cozinhar guloseimas em casa, e traziam para as outras provarem. Escola pequena, meio alternativa, tinha dessas coisas. Essas lembranças lhe aqueciam o coração, da mesma forma que o sol daqueles dias frios lhes aqueciam os corpos. Então, desde há muito, habituara-se a pensar na felicidade como algo que lhe aquecia, mesmo quando os dias eram frios.

Os anos passaram, ficaram com ela as lembranças e as metáforas. Agora, longe de todos, ela olhava pra trás e buscava, não sem muita dose de medo, encontrar motivos para sorrir. E os motivos lhe vinham, de muito longe, como um recado amado, um carinho inesperado, um teamo não requisitado. Eles lhe surgiam como a certeza de que o sol voltaria a brilhar, apesar de toda a chuva. Ela sabia que ele, seu sol, voltaria. Sabia que mesmo as 'lestadas' mais fortes não duram para sempre. Precisava apenas de um abraço, de um raio de sol, para que pudesse recompor os cabelos, tirar o mofo dos sapatos, pendurar as roupas no varal. Os dias de sol voltariam, e eram os abraços da voz amada que lhe asseguravam isso.

Ela sorria, confiante, a caminhava de volta para a rua, a sentar-se sob o sol, com suas velhas e costumeiras metáforas.

domingo, 3 de janeiro de 2010

Para um pouco de paz

Ele falou-me, outro dia, das dores do coração. Me contou o quanto sofria, dos tantos nãos recebidos.
Ela me disse, em separado, que não queria viver assim, não havia razão; disse que o amor só lhe feria e das tantas vezes que disse não.

Enquanto os ouvia, chorando em mesas distintas de bares distantes, eu pensava no tempo em que os conhecera, e sabia que não voltaria mais. Pensava que alguma vez, não muito tempo atrás, aquelas pessoas tinham sido um Dois; era sempre assim, o Ele vinha com Ela, e Ela não cabia sem Ele. Hoje não mais, agora eram dois Um, Ela que não pensa mais n'Ele (mentia, sim, ela nisso mentia), Ele que não precisa mais d'Ela (e ainda pensava que enganava alguém com isso).

Os olhos vermelhos, baixos, esquivos, fugiam de mim para que eu não pudesse ver o que dentro deles havia. Como se para isso alguém precisasse de fato olhar dentro de algum daqueles olhos: ela estava nua, ali em frente, em meio a todos. Ele era mais transparente e límpido do que o velho e sujo copo de cerveja que tínhamos à nossa frente.

Era claro que se amavam. Era claro que tinham medo. Era claro que se tinham perdido, numa das voltas do caminho, e os pássaros haviam comido a leve trilha de pão que maria havia deixado, e joão estava seguindo.
Ele dizia que ela não o ouvia, ela teimava que ele é que não queria escutar.


Eu sorria, sabendo antever nela a fala dele, e nele o discurso dela. Já não esperavam mais nada um do outro, e foi aí que lhes disse que o erro era este: deviam, pois, justamente esperar tudo, sabendo que seriam frustrados, mas, ainda sim, esperar tudo. E deviam então perdoar antecipadamente a falha do outro, pois já sabiam-se humanos, e falíveis como tais. Deveriam esperar e perdoar, mas sim, tinham que se reservar o direito de sofrer e se magoar, a cada tombo levado. Dizia-lhes isso, repetia a ela o que dissera a ele, e a ele o que argumentara com ela, torcendo para que seus corações encontrassem descanso, na morada que fosse.


E então partiram: Deixei-o a caminhar bêbado, tropeçando em seus pensamentos; Ela caía, absorta em suas profundas dores. Aquela noite dormiriam, profundamente e sem sonhos, um nos braços do outro, ainda que em camas diferentes. Naquela noite, sim, haveriam de se dar, ainda que só um tantinho, um pouco de paz.

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Nota importante: Este texto é ficcional. Escrevi essas palavras pensando nas dores e crises que ouço e vivo diariamente, mas nenhum fato concreto me levou a escrevê-lo. Ouvi de alguém que só tenho amigo fudido, então digamos que escrevi esse texto pensando em todos eles e em ninguém em particular. Por favor, não leiam nas entrelinhas. É só um texto e nada mais.

sábado, 2 de janeiro de 2010

O mundo diante da TPM

Talvez seja estranho começar o ano com um texto sobre tpm, mas a verdade é que a mãe natureza não me deu muita alternativa. Nem bem 2010 chegou, lá vem ela, a cruel algoz dos relacionamentos. Três letras, sete fonemas; Tê-pê-eme. Nenhuma outra síndrome afeta tantas pessoas, famílias e lares mundo afora e com tamanha recorrência quanto a maldita tensão pré menstrual.

Se pararmos pra pensar, os números são assustadores: 49,75% da população mundial é do sexo feminino, ou seja, o mundo comporta hoje algo em torno de 3.428.196.000 mulheres. Dessas, mais de 75% dizem sofrer algum sintoma relacionado à chegada da menstruação, o que dá  mais ou menos dois bilhões e seiscentos milhões de criaturas. É muita gente! É como se a  China e a Índia inteiras acordassem de mau humor. E se dividirmos esse número de mulheres pelo número de dias do ano, o negócio fica desumano: são 7043836 mulheres com tpm a cada dia, ou seja, a população total de Hong Kong. Claro, há que se desconsiderar a porcentagem de mulheres que não se encontra em idade fértil, mas a idéia em si já é bastante assustadora, ainda mais se pensaramos que, junto com elas sofrem outros tantos milhões de homens, os maridos, pais irmãos e namorados dessas mulheres.

Desconfio que a tpm seja o maior motivo de discórdia no mundo; Ouso supor que milhares das guerras já  vistas no decorrer da história foram causadas, em algum ponto, por conta da tpm; A rainha estava rosnando pra sombra, deu uma resposta atravessada pro rei, na frente dos vassalos, e ele, com seu orgulho e hombridade feridos, resolveu descontar no pobre emissário do reino vizinho, que levava um aviso de aumento nos impostos de importação. Pronto! Lá se iam umas tantas vidas desperdiçadas.

Os homens não conseguem entender esse período meio viúva negra, pelo qual as mulheres passam todos os meses (excetuando-se alguns poucos, que afirmam também sofrer desse mal - mas disso tenho lá minhas dúvidas). E é até engraçado quando, após uma briga por um motivo (aparentemente) estúpido, elas se descabelam e debulham em lágrimas, e então eles se dão conta do que está acontecendo: "mas é tpm, outra vez?!?!?!?"

Sei que já foram muitas as tentativas de explicar didaticamente para vocês, sortudos homens, o que é esse período negro. E sei também que vocês até tentam, mas no fundo não entendem é nada. Mas vamos lá, mais uma vez, alguns parâmetros desse universo (majoritariamente) feminino.

Imagine que você tem um útero - tá, esquece, vocês não sabem o que é ter um útero, pulemos essa parte.
Então imagine o seguinte: você está lá, levando sua vidinha normalmente. Daí, um belo dia, sua barriga começa a inchar, não muito, mas você nota. só a parte de baixo, aquela que fica no cós da calça. desagradável, mas fazer o quê? Depois são os seios: incham, ficam doloridos; tem vezes que até o contato da camiseta roçando na pele é de matar, imagina aquela mãozona cheia de dedos do marido/namorado/ficante/amante/homem que te ajuda. A gente reclama, vocês não entendem.

Depois, ainda tem a pele, aquela que você lava com sabonete especial, passa hidratante sem óleo, filtro solar, maquiagem etc e tal, enfim, aquela pele que você dedica tanto esforço pra manter saudável começa a ficar um lixo! Num desses dias você acorda com aquela megaespinha, que mais parece um alien plantado bem no meio da testa.  O cabelo fica um nojo, e você começa a se achar a esposa do Tiririca.

Não bastasse tudo isso, o humor, que vocês insistem em reclamar, fica absolutamente incontrolável. Ou alguém ainda acha que a gente faz de propósito, porque ADORA dar bafão em público, como ser dispensada de uma reunião pelo chefe, após ouvir dele que você não deveria ter se atrasado naquele dia, porque ele não aguenta olhar pra sua cara vermelha e molhada de lágrimas? (sim, eu já passei por isso, mas a minha sorte é que a minha chefe era muito gente fina e, sendo mulher, entendeu bem o que eu estava passando) Ou, ainda, que nos DELEITAMOS com ouvir de vocês que "hoje você está insuportável", frase invariavelmente seguida da famosa "todo mês é a mesma coisa"?

Não, meninos, a gente odeia tudo isso. E se é ruim pra vocês, imagina pra gente. Diz a história que, na época de Abraão, os judeus eram bem espertos e tinham o costume de respeitar suas mulheres nesse período. Eram  os dias da Tenda vermelha, quando todas a mulheres da tribo se enfiavam na barraca de cor bem simbólica, cheia de guloseimas, e lá ficavam, todas juntas. E só saíam depois da última gota de sangue. Eram dias em que não mulher trabalhava, e os homens tinham que tomar conta da vida cotidiana, mas pelo menos não tinham que aturar suas esposas e filhas chorando pelos cantos. O que acontecia lá dentro era segredo e só pertencia ao universo feminino, como tudo que se relaciona à essa etapa mensal, e numa espécie de irmandade: da esposa do chefe à escrava mais pobre, todas partilhava a mesma tenda, naquele período.

Seria bom, né?

Mas, como não temos isso hoje em dia, resta a vocês, meninos, um mundo de paciência e três conselhos que, se seguidos são verdadeiros atos de amor: Primeiro, mantenham certa distância, suficiente para deixar-nos quietas, mas não tanta que nos deixe desamparadas. Como não temos nossas "irmãs", frequentemente precisamos do carinho e atenção de vocês.

Segundo, lembrem-se: não é pessoal. A maioria das barbaridades faladas por  uma mulher em tpm não é verdadeira e, se bobear, ela nem se lembrará daquilo que falou numa crise de choro/raiva, então, relevem. É  quase como se um outro ser habitasse naquele corpo, naquele período. Você não gosta do inquilino? Nós também não, mas o nosso contrato com ele é vitalício...


Terceiro, contem! Arrumem um calendário e anotem, nos primeiros meses, as datas das crises "tpmáticas". Depois disso, percebam, o ciclo se repete a cada mês, é só contar! Assim vocês já saberão que o período se aproxima (e não são pegos todo mês de surpresa) e evitam que a gente ouça aquela maldita frase de novo: "Mas como? jáááá?"

Quarto (é, eram só três, mas me lembrei de mais um, que é essencial): Calma, vai passar!