Perdoem a minha indecência, mas hoje resolvi posar nua. Despi-me de todos os pudores, fiz uma bela maquiagem e postei-me diante da câmera. Vestia uma camisa masculina e saltos altos. Altíssimos aliás. O fotógrafo me olhou de esquiva e disse, Tira tudo.
Ainda em choque pela ordem tão fria, desinteressada até, desci do salto e desabotoei a camisa, desconcertada. Feito isso, enquanto procurava cobrir-me com meus próprios braços, buscando salvar o pouco de decência que me sobrava, fiquei surpresa quando ele me olhou de novo e, surpreso, revelou, Não, eu me referia à maquiagem, pode por suas roupas de volta.
Humilhada, perdida, corava até as orelhas, enquanto juntava meus pequenos trapos e olhava para o chão. O fotógrafo, percebendo meu incômodo, procurou me confortar, Nada é mais nu do que uma mulher mostrar sua verdadeira face, sem truques e tintas; Talvez não seja tão bonito, retruquei ainda incrédula com o que ouvira, Mas com certeza é o mais honesto, ouvi.
O diálogo e a cena acima nunca aconteceram. O que acontecerá aqui, hoje, é ainda um outro tipo de nudez. Se chegaram até aqui esperando ver fotografia com uma mulher pelada, perderam seu tempo. Hoje, desnudo minh'alma.
Dizia um poema - ou um verso, ou um livro de Drummond, já não me lembro mais - que "amar se aprende amando". Pois eu aprendi algo um pouco diferente, nessa minha curta vida: amar se aprende sendo amado.
Amar se aprende perdendo o amor, amar se aprende vendo e sim, amar se aprende amando.
É possível, também, desaprender a amar. É possível aprender a se fechar em copas, por medo de se ferir. É possível magoar o outro, aquele que mais te ama, por medo.
Eu passei por todas essas coisas. tive medo. medo de amar de novo. medo de dar meu coração a alguém, por achar que ninguém merecia tamanho ato de amor. Magoei, fui inconsequente. Eu quase perdi tudo aquilo pelo qual vi outras pessoas lutarem, chorarem e se deseperarem, impotentes. Eu abri mão de tudo, de bom grado.
Mas um dia, eu acordei. Percebi que minha proteção me tinha deixado sozinha. Protegida, sim, mas solitária. Indiferente. Oca. Na minha linda torre de marfim. Pensei, pensei e decidi: Eu quero minha vida de volta.
Com isso, meus caros, não tenho medo de afirmar: minha vida só será completa quando ele estiver ao meu lado. E por isso, eu estou voltando. Com um sorriso nos meus lábios impacientes. E todo amor do mundo, aquele que eu só aprendi a viver depois de ser amada, depois joga-lo fora, depois de vê-lo e, finalmente, depois de amar.
Me espera, meu bem, que eu to chegando.
Um comentário:
Olha, impossível não me reconhecer de alguma forma aí. Claro, nossas concepções de amor são bem diferentes em alguns aspectos, mas é por isso que a conversa rende tanto no Gtalk! hahaha
Lindo texto, miguxa.
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